Foi divulgada, na semana passada, uma das melhores notícias do ano na área econômica. Segundo o banco de investimentos Merrill Lynch, o número de milionários no Brasil cresceu 7,1% em 2004, alcançando a marca de 98 mil indivíduos. A taxa de crescimento ainda é inferior à média mundial, que foi de 8,2% no mesmo período, e muito menor que a norte americana, que alcançou os 10%, perfazendo um número total de 2,5 milhões de milionários (que inveja!), mas é superior à média da América Latina, cujo crescimento médio foi de 6,3%.
Infelizmente, uma notícia alvissareira como esta veio acompanhada de um certo tom de lamúria, digno de uma imprensa inexoravelmente cooptada pela estratégia gramsciana que não perde qualquer oportunidade de repudiar as tais "desigualdades sociais", ainda que jamais se tenha logrado estabelecer qualquer correlação entre a pobreza de uma nação e as diferenças de rendimento dos seus indivíduos, uma vez que tal analogia só existiria numa economia mercantilista.
Numa economia capitalista, por outro lado, essa correlação simplesmente não existe, pois o livre intercâmbio necessariamente faz com que ambas as partes saiam ganhando. É fato, absolutamente demonstrável que, no livre-mercado, um indivíduo somente pode enriquecer satisfazendo ou enriquecendo os demais (desde que, claro, os governos não interfiram e tirem dos consumidores a liberdade de comprar onde melhor lhes convier).
Insinuar, indiscriminadamente, que a riqueza de uns é a causa da pobreza de outros é não somente uma falácia, como um sofisma extremamente insidioso, cuja principal motivação não é outra senão estimular uma extemporânea luta de classes para, a partir dela, perpetuar no poder uma doutrina socialista que não tem nada mais a oferecer além da retórica. Há que se registrar que esta é uma estratégia que vem perdendo força nas nações mais desenvolvidas, educadas e melhor informadas, enquanto ganha fôlego em países subdesenvolvidos e deseducados, onde a opinião do povo costuma ser facilmente manipulável.
Numa economia em que predomine a livre iniciativa, qualquer empreendedor que pretenda obter algum êxito deve produzir e oferecer algo que seja necessário e agrade aos consumidores pois, de outra forma, estes não se disporiam a pagar-lhe o preço justo. Desde o mais simples alfinete até o mais sofisticado automóvel, o objetivo do fabricante não será outro senão agradar o cliente, sob pena de sucumbir ante a voracidade da concorrência. Em outras palavras, qualquer um que deseje enriquecer numa economia de mercado deverá, antes de qualquer outra coisa, laborar para servir ao próximo, mesmo que a sua efetiva intenção seja exclusivamente o benefício próprio.
Com efeito, esse mesmo empresário, ao amealhar grande fortuna, estará beneficiando, direta ou indiretamente, uma gama imensa de pessoas. Além dos consumidores, já mencionados, há os empregados que para ele trabalham, bem como todos aqueles que, de alguma maneira, estejam atrelados àquela cadeia produtiva específica. Isso tudo sem mencionar que a maior parte dos lucros obtidos serão, muito provavelmente, reinvestidos no próprio negócio ou em novos outros, impulsionando esse moto contínuo e virtuoso.
De fato, se raciocinarmos com um mínimo de isenção e racionalidade veremos que foi graças ao capital empregado, à tecnologia desenvolvida e ao trabalho diuturno desses indivíduos, rotulados pelos empedernidos marxistas de porcos, egoístas, usurpadores e outras alcunhas não menos infames, que hoje conseguimos produzir e distribuir de forma muito mais eficiente, econômica e abundante produtos e serviços que, até 150 anos atrás, eram privilégio apenas de uns poucos. Alimentos, saneamento, transportes, moradia, saúde, comunicações enfim, toda uma gama de benefícios até então impensável é hoje acessível à maioria do povo.
É por isso que, parafraseando o grande Adam Smith, tudo que eu espero dos empresários, industriais, comerciantes e executivos em geral é que eles cuidem bem dos seus interesses, que perseverem na busca do benefício próprio e enriqueçam muito, muito mesmo. Pois, agindo assim, eles estarão sempre tentando descobrir a melhor forma de agradar ao seu verdadeiro patrão (o consumidor) e eu, por conseguinte, estarei também lucrando.
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extraído de http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=3784
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