quarta-feira, junho 29, 2005

Dos dezenove aos vinte e oito anos

Durante esse período de nove anos – dos dezenove até os vinte e oito – fui seduzido e sedutor, enganado e enganador, conforme minhas muitas paixões; publicamente, com aquelas doutrinas que se chamam liberais; ocultamente, com o falso nome de religião, mostrando-me aqui soberbo, ali supersticioso, e em toda parte vaidoso. Ora perseguindo a aura da glória popular até os aplausos do teatro, os certames poéticos, os torneios de coroas de feno, as bagatelas de espetáculos e a intemperança da luxúria; ora, desejando muito purificar-me dessas imundícies, levando alimento aos chamados “eleitos” e “santos”, para que na oficina de seu estômago fabricassem anjos e deuses que me libertassem. Tais coisas seguia eu e praticava com meus amigos, iludidos comigo e por mim.

Riam-se de mim os arrogantes, e os que ainda não foram prostrados e salutarmente esmagados por ti, meu Deus; mas eu, pelo contrário, hei de confessar diante de ti minhas torpezas para teu louvor. Permite-me, te suplico, e concede-me que me lembre fielmente dos desvios passados do meu erro, e que eu te sacrifique uma vítima de louvor.

De fato, sem ti, que sou eu para mim mesmo senão um guia que conduz ao abismo? Ou que sou eu, quando tudo me corre bem, senão uma criança que suga teu leite, e que se alimenta de ti, alimento incorruptível? E que é o homem, seja ele quem for, se é homem? Riam-se de nós os fortes e poderosos, que nós, débeis e pobres, confessaremos teu santo nome.
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extraído das Confissões de Agostinho; Livro IV, Cap.I.

segunda-feira, junho 27, 2005

Meu coração, mantém-te jovem

Esqueci de anotar o nome do escritor, lembro apenas que é grego do século IV a.C.; esse poema está naquela coletânea de poesia grega e latina da Cultrix:

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__Meu coração, mantém-te jovem!
_____ Outros homens virão,
_____ e morto eu me farei
_____ apenas terra negra.
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__Mocidade e velhice lamentamos:
uma porque se vai, e porque chega a outra.
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__Coisa insensata é lastimar os mortos,
_____insensata e pueril,
__se a flor da mocidade não choramos...
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sábado, junho 25, 2005

A refutação cabal do socialismo

por Alceu Garcia,
em Abril de 2002.
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Introdução
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O fracasso do socialismo como princípio de ordenamento social é hoje evidente para qualquer pessoa sensata e informada – o que exclui, é claro, os socialistas. Estes, porém, insistem que o malogro coletivista foi um mero acidente histórico, que a teoria é fundamentalmente correta e que pode funcionar no futuro, se presentes as condições apropriadas. Tentarei demonstrar nesse texto, recorrendo na medida das minhas limitações aos ensinamentos da escola austríaca de economia, que absolutamente não é esse o caso, que a teoria econômica (para não falar dos fundamentos filosóficos, éticos, sociológicos e políticos!) do socialismo é insustentável em seus próprios termos, e que ipso facto os resultados calamitosos constatados pela experiência histórica são, e sempre serão, uma consequência inevitável de uma ordem (rectius: desordem!) socialista. Não é preciso enfatizar a importância de se ter plena consciência da natureza perniciosa dessa corrente política e de suas funestas implicações, uma vez que em nosso país um poderoso movimento totalitário está muito próximo de tomar o poder.'
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[
continuar...]
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sexta-feira, junho 24, 2005

Encontro Nacional dos Estudantes de Letras - 2005

O resumo do Termo de Responsabilidade a ser assinado por quem pretenda participar do ENEL 2005 é mais ou menos esse: Não use álcool ou drogas em excesso nem danifique coisa alguma pertencente à universidade; e se durante o evento um tubarão comer sua perna, favor lembrar, a culpa é sua.

www.enel2005.k6.com.br

quinta-feira, junho 23, 2005

A Verdade é Relativa?

(Um diálogo entre Sócrates e Protágoras)
por Autor Desconhecido

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Protágoras: A verdade é relativa. É somente uma questão de opinião.
Sócrates: Você quer dizer que a verdade é mera opinião subjetiva?
Protágoras: Exatamente. O que é verdade para você, é verdade para você, e o que é verdade
para mim, é verdade para mim. A verdade é subjetiva.
Sócrates: Você quer dizer realmente isso? Que minha opinião é verdadeira em virtude de ser minha opinião?
Protágoras: Sem dúvida!
Sócrates: Minha opinião é: A verdade é absoluta, não opinião, e que você, Sr. Protágoras, está absolutamente em erro. Visto que é minha opinião, então você deve conceder que ela é verdadeira segundo a sua filosofia.
Protágoras: Você está absolutamente correto, Sócrates.
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quarta-feira, junho 22, 2005

Puggina

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Momento Fotolog - Poser

Ontem, antes de eu estragar o dia, fomos eu Flávia e Thales ver a exposição de pós-impressionismo do SESC. Depois disso, nada mais poser, ao Café & Poesia...
Já é tarde e estou sem paciência pra relatar como foi a exposição -- o que seria, aliás, mais poser que o Café & Poesia, então, quem quiser vá lá e veja -- e sem paciência pra falar sobre qualquer outra coisa, bastando dizer que, lamentavelmente, nunca mais serei um dos 35.000 melhores amigos de Flávia.










sábado, junho 18, 2005

Busca da Mulher Ideal pelo Método Estruturalista

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que na forma
nada deva a Eva

- antes da Queda -
nem no conteúdo
a Minerva.

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Quanto mais milionários, melhor

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Foi divulgada, na semana passada, uma das melhores notícias do ano na área econômica. Segundo o banco de investimentos Merrill Lynch, o número de milionários no Brasil cresceu 7,1% em 2004, alcançando a marca de 98 mil indivíduos. A taxa de crescimento ainda é inferior à média mundial, que foi de 8,2% no mesmo período, e muito menor que a norte americana, que alcançou os 10%, perfazendo um número total de 2,5 milhões de milionários (que inveja!), mas é superior à média da América Latina, cujo crescimento médio foi de 6,3%.

Infelizmente, uma notícia alvissareira como esta veio acompanhada de um certo tom de lamúria, digno de uma imprensa inexoravelmente cooptada pela estratégia gramsciana que não perde qualquer oportunidade de repudiar as tais "desigualdades sociais", ainda que jamais se tenha logrado estabelecer qualquer correlação entre a pobreza de uma nação e as diferenças de rendimento dos seus indivíduos, uma vez que tal analogia só existiria numa economia mercantilista.

Numa economia capitalista, por outro lado, essa correlação simplesmente não existe, pois o livre intercâmbio necessariamente faz com que ambas as partes saiam ganhando. É fato, absolutamente demonstrável que, no livre-mercado, um indivíduo somente pode enriquecer satisfazendo ou enriquecendo os demais (desde que, claro, os governos não interfiram e tirem dos consumidores a liberdade de comprar onde melhor lhes convier).

Insinuar, indiscriminadamente, que a riqueza de uns é a causa da pobreza de outros é não somente uma falácia, como um sofisma extremamente insidioso, cuja principal motivação não é outra senão estimular uma extemporânea luta de classes para, a partir dela, perpetuar no poder uma doutrina socialista que não tem nada mais a oferecer além da retórica. Há que se registrar que esta é uma estratégia que vem perdendo força nas nações mais desenvolvidas, educadas e melhor informadas, enquanto ganha fôlego em países subdesenvolvidos e deseducados, onde a opinião do povo costuma ser facilmente manipulável.

Numa economia em que predomine a livre iniciativa, qualquer empreendedor que pretenda obter algum êxito deve produzir e oferecer algo que seja necessário e agrade aos consumidores pois, de outra forma, estes não se disporiam a pagar-lhe o preço justo. Desde o mais simples alfinete até o mais sofisticado automóvel, o objetivo do fabricante não será outro senão agradar o cliente, sob pena de sucumbir ante a voracidade da concorrência. Em outras palavras, qualquer um que deseje enriquecer numa economia de mercado deverá, antes de qualquer outra coisa, laborar para servir ao próximo, mesmo que a sua efetiva intenção seja exclusivamente o benefício próprio.

Com efeito, esse mesmo empresário, ao amealhar grande fortuna, estará beneficiando, direta ou indiretamente, uma gama imensa de pessoas. Além dos consumidores, já mencionados, há os empregados que para ele trabalham, bem como todos aqueles que, de alguma maneira, estejam atrelados àquela cadeia produtiva específica. Isso tudo sem mencionar que a maior parte dos lucros obtidos serão, muito provavelmente, reinvestidos no próprio negócio ou em novos outros, impulsionando esse moto contínuo e virtuoso.

De fato, se raciocinarmos com um mínimo de isenção e racionalidade veremos que foi graças ao capital empregado, à tecnologia desenvolvida e ao trabalho diuturno desses indivíduos, rotulados pelos empedernidos marxistas de porcos, egoístas, usurpadores e outras alcunhas não menos infames, que hoje conseguimos produzir e distribuir de forma muito mais eficiente, econômica e abundante produtos e serviços que, até 150 anos atrás, eram privilégio apenas de uns poucos. Alimentos, saneamento, transportes, moradia, saúde, comunicações enfim, toda uma gama de benefícios até então impensável é hoje acessível à maioria do povo.

É por isso que, parafraseando o grande Adam Smith, tudo que eu espero dos empresários, industriais, comerciantes e executivos em geral é que eles cuidem bem dos seus interesses, que perseverem na busca do benefício próprio e enriqueçam muito, muito mesmo. Pois, agindo assim, eles estarão sempre tentando descobrir a melhor forma de agradar ao seu verdadeiro patrão (o consumidor) e eu, por conseguinte, estarei também lucrando.

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extraído de http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=3784

Momento Fotolog - Minha irmã fotógrafa


by Thalita - foto em que apareceria eu e dotô Cledson.

quarta-feira, junho 15, 2005

Chico Boboca de Holanda?

por Leo Melgaço

Chico Buarque, em uma série de entrevistas recentes, afirmou:

“Tenho amigos, hoje, um pouco distantes. É essa a minha relação com Cuba. Existe, é claro, para a minha geração, um outro tipo de relação, afetiva, que vem da revolução cubana. Nos anos 60, aquilo era muito forte para nós. Um exemplo de resistência. Ainda hoje o ditador Fidel Castro, como gostam de dizer os jornais, inclusive a Folha... Ele é o único adversário dos Estados Unidos na América Latina que resistiu a golpes de Estado e assassinatos e está ali. Todos os outros foram depostos ou assassinados. Ele sobreviveu a vários atentados. Manteve e mantém até hoje uma posição altiva. E isso é algo que ninguém deve ignorar e que eu admiro. Quanto a fuzilamentos ou a prisão de dissidentes políticos, fico contrariado, porque não gosto e não concordo com isso. A questão toda é muito delicada. Eu gostaria que Cuba fosse um país democrático. Agora, eu gostaria de uma maneira, e o Bush gostaria de outra. Cuba poderia ser hoje o Haiti. Cuba não é. É claro que me desagrada a idéia de um partido único, de liberdades vigiadas, mas existe ao mesmo tempo a necessidade de um controle para manter os valores da revolução, que a meu ver são louváveis.” Folha de São Paulo - 26/12/04

Depois de ler essa célebre parte da entrevista, fiquei-me a perguntar: como alguém pode ter alguma relação afetiva com Cuba? Como alguém pode acreditar que Fidel Castro -- aquele velho capenga que mal se sustenta nas próprias pernas -- pode ser inimigo número um dos Estados Unidos? Parece até piada, mas não é. O Chico Buarque, por onde passa, sai destilando essas tolices. Para ele, um país economicamente insignificante, insuficiente, pobre e miserável, é uma forte contraposição a maior potencia econômica do mundo.

O pior de tudo, é que ele põe a violação aos direito humanos como um mero detalhe. Manter os “valores da revolução” em cima da morte de milhares inocentes que, simplesmente, se contrapuseram ao regime, para ele, “é louvável”. Mas como eu não sou idiota a ponto de achar bonita uma atrocidade como essa, contrariamente ao Chico Buarque, ao invés de ficar tocando cavaquinho, eu trago-lhes o resultado da revolução:

“Fuzilados: 5.621. Assassinados extrajudicialmente: 1.163. Presos políticos mortos no cárcere por maus-tratos, falta de assistência médica ou causas naturais: 1.081. Guerrilheiros anticastristas mortos em combate: 1.258. Soldados cubanos mortos em missões no exterior: 14.160. Mortos ou desaparecidos em tentativas de fuga do país: 77.824. Civis mortos em ataques químicos em Mavinga, Angola: 5.000. Guerrilheiros da Unita mortos em combate contra tropas cubanas: 9.380. Total: 115.127” - Cuba em Números.(Belos valores, não?)

Chico Buarque é um dos mais celebres ícones brasileiros. Respeitado tanto na música quanto na literatura -- ou em qualquer coisa que ele queira se meter. Ao lado dele, existe outro “cabeça-chata”: Caetano Veloso. Seja na ciência, na física, na química, nos estudos epistemológicos, na medicina, na agropecuária, na política ou na economia, você sempre se deparará com 50 ou 100 opiniões desses dois – opiniões idiotas, é lógico. O eterno garoto dos olhos verdes fala manso, não tem inimigos, é cativante, é um sujeito que agrada quase 100% da população brasileira. Em 2004, ele escreveu um dos piores romances de todos os tempos; mas pouco importa se é ruim, o que interessa é que ele sempre será premiado pelas porcarias que faz. No Brasil, não interessa a qualidade, o que importa é que foi feito por ele.

Aqui se tem o costume de fazer escolhas erradas. Talvez, isso explique o fato de Chico Buarque ser um grande ídolo dessa nação. Vejamos: O Brasil teve dois economistas que se destacaram e ganharam fama. O Celso Furtado e Roberto Campos. O primeiro, criou as piores teorias econômicas já vistas. Defendia a regulamentação da economia, o aumento do estado e a expulsão dos capitais estrangeiros. Já o segundo, era seu antípoda. O que Campos defendia Furtado condenava. Campos era a favor da liberdade no seu sentido mais amplo. Defendia a desregulamentação da economia, a privatização, a inserção do Brasil no processo de globalização, o incentivo à entrada de capitais estrangeiros. Mordaz, agressivo, insistente na defesa de suas idéias, Campos foi perseguido durante metade de sua vida por uma multidão de inimigos que o chamava ironicamente de "Bob Fields". Por outro lado, o Celso furtado, o rei das teorias infundadas, morreu idolatrado e quase inquestionável nessa republiqueta. Como se não bastasse, hoje, as suas teorias são estudadas em todos os cursos de economia pelo Brasil afora -- enquanto nos outros países se estudam Mises e Hayek.

Toda essa anomalia na hora de fazer escolhas, toda incapacidade de aprender com os erros e toda burrice que acomete os brasileiros, são fenômenos que transformam o Brasil nesse terreno estúpido rodeado de idiotas que idolatram mentecaptos sem fazer o mínimo questionamento sobre as suas densidades éticas e intelectuais. Como não sou um “brasileiro que não desiste nunca”, termino com alguns questionamentos que não saem da minha memória – Chico, se algum dia você ler esse texto, o que é pouco provável, me responda: Por qual motivo você condenou a ditadura brasileira, exilou-se, e, hoje, apóia uma ditadura que já matou quase 20 vezes mais da qual fugiu? Por que, Chico? Por quê? Os cubanos te imploram; afaste deles esse... “Cálice”.

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extraído de http://www.capitolio.org/content/view/21/2/

terça-feira, junho 14, 2005

O Belo Horrível





















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Ocorreu em Idaiatuba, São Paulo. Copiado do saite do Millôr
http://www2.uol.com.br/millor/aberto/nota10/044.htm

Colunista colombiana acusa Paulo Coelho de plágio

por France Press


A psicóloga e colunista colombiana Gloria Hurtado acusou o escritor brasileiro Paulo Coelho de ter plagiado um texto seu, escrito a partir de uma experiência com um paciente.

Hurtado disse à Rádio Caracol que em abril passado leu um texto de Paulo Coelho em uma revista colombiana e descobriu que era um plágio de sua coluna no jornal "El País", baseada em uma experiência com um paciente.

A psicóloga garante que Paulo Coelho fez uma pequena modificação no título e "clonou" parágrafos inteiros do texto original, o que qualificou de um "delito grave e falta de ética".
"Minha coluna se chama 'Cerrando círculos' e a dele 'Cerrando ciclos' (Fechando círculos e Fechando ciclos). Acredito que ninguém pode se enganar desta maneira. Além disso, ele pegou a idéia central e reproduziu trechos ao pé da letra".

Hurtado garante que o texto de Paulo Coelho segue a mesma seqüência da sua coluna e reproduz inclusive frases de sua autoria e parágrafos escritos após um trabalho de pesquisa.

A colunista admitiu que até sentiu orgulho de ser plagiada por Paulo Coelho, mas decidiu finalmente denunciar o caso.

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extraído de http://www.paraibaonline.com.br/noticia.php?id=114703

segunda-feira, junho 13, 2005

Em Defesa dos Censurados pela Rede Globo

Finalmente Manassés me repassou o texto que produziu no dia posterior à palestra do jornalista Carlos Siqueira no curso de Comunicação; a palestra ocorreu dia 29 de março contudo, o artigo conserva-se atual tanto pelo fato particular que aborda quanto porque remete a uma discussão bem mais ampla em torno da ética jornalística e dos limites da profissão -- pelos dois motivos justifica-se a postagem.
Nem é preciso dizer mas, os comentários sobre o texto abaixo, representem eles expressão de apoio ou reprovação ao ponto de vista de seu autor, serão muito bem-vindos -- principalmente os daqueles que acompanharam a cobertura feita por Carlos Siqueira.
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por Manassés de Oliveira
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Em virtude da palestra ministrada pelo Sr. Carlos Siqueira, na noite do dia 29 de março na Sala das Eletivas do curso de Comunicação Social da UEPB, faz-se necessário corrigir uma abordagem feita pelo palestrante na ocasião.

Quando o repórter referiu-se a um caso noticiado por ele na TV Paraíba que acabou tendo repercussão internacional, veio à tona a necessidade de se fazer uma reflexão sobre a ética no jornalismo.

O caso em questão diz respeito à fuga consentida de alguns presos da cadeia pública de Picuí. Segundo a reportagem, o motivo da debandada teria sido o fato da aproximação do fim do mundo, segundo as previsões do médico e astrólogo francês Nostradamus. Para o carcereiro Jaime Geminiano, “já que o mundo ia mesmo acabar, todos os presos deveriam ser libertados”.
A imprensa noticiou este fato de forma sensacionalista. Os presos na verdade fugiram porque o carcereiro sofria de uma doença muito comum a qualquer ser humano: o alcoolismo; o fato ocorreu dois dias antes da data em que, segundo o vidente, acabaria o mundo; as autoridades picuienses só noticiaram a ocorrência um dia antes da confirmação da profecia, justamente para dar um efeito surreal à notícia e, o repórter Carlos Siqueira, segundo ele mesmo, entrevistou o carcereiro “quando ele ainda fazia bico”, ou seja, quando o homem ainda estava sob o efeito do álcool.

Que coisa boa, finalmente o jornalista ganhou destaques nacional e internacional, deu um grande “furo” de reportagem para a imprensa global, acrescentou esta vitória ao seu currículo e, de quebra, ainda conseguiu uma história quixotesca para divertir as platéias em suas palestras. Mas o jornalismo paraibano não parou para pensar que o indivíduo que estava sendo ridicularizado naquele instante era um ser humano, pai de algumas filhas, marido de uma mulher, irmão de outros irmãos e membro de uma sociedade onde ficou gravada a sua história. Que este mesmo personagem não teve direito à defesa, que foi abordado enquanto ainda estava sob efeito do álcool, que não tinha um timbre de voz tão alto quanto os geradores de som e imagem do conjunto das agências de notícias brasileiras e estrangeiras e, que, após alguns meses de sofrimento, ridicularização popular e principalmente isolamento social, veio a falecer vítima de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em decorrência da depressão que lhe foi causada pela repercussão da matéria do Sr. Siqueira.

Jornalismo sem ética, sem observar todas as partes envolvidas, também assassina histórias, desmoraliza todo o povo de um estado, ridiculariza o nosso país no exterior, aumenta o preconceito contra nordestinos no Centro-sul.

O que aconteceu com o Sr. Jaime Geminiano foi o mesmo que ocorreu com um casal de idosos proprietários de uma escola de base no estado de São Paulo que, após uma acusação feita pela mesma inatingível Rede Globo de Televisão, o supra-sumo da “verdade” jornalística do nosso país, teve a sua escola depredada, sofreu todo tipo de violência física e moral na cadeia e nas ruas e, após uma investigação, foi inocentado. Daí a Globo pediu desculpas em público, mas até hoje, não se sabe se todos os telespectadores do Brasil assistiram ao Jornal Nacional no dia do recuo da “todo-poderosa” ou mesmo se o casal atingido pela mentira da emissora de TV, recuperou a auto-estima bem como o seu patrimônio depois que a poeira baixou.

É por isso que o Sr. Jaime Geminiano falou, naquele momento, que “quando nos dão uma pancada no corpo, basta cuidarmos da ferida para que o nosso organismo volte à sua constituição natural. Mas quando a agressão é moral, aí dá mais trabalho para se encontrar a cura”. O personagem da matéria morreu em decorrência da repercussão da notícia veiculada pela empresa do “Dr. Roberto”, mas o então repórter Carlos Siqueira pôde finalmente, após anos de anonimato, adentrar no seleto clube dos profissionais do padrão globo de jornalismo.

sábado, junho 11, 2005

Bilunga in a botlle

Sem um instante de sossego porque ele grita, e grita alto, e porque ele corre pela casa inteira, e porque ele chora, e chora muito, e porque ele risca as paredes, e porque ele agora risca até os livros, a solução -- graças a adaptação de Emerson -- foi pôr Bilunga in a botlle:

sexta-feira, junho 10, 2005

Dali in a botlle

Da minha querida professora (e gurua literária) Vitória recebi esta foto com a legenda: "uma experiência do meu filho Thiago". Chama-se Dali in a bottle. E, embora sem autorização formal de nenhum dos dois, Thiago e Vitória -- sem falar no Dali, até porque: in botlle --, aqui reproduzo esperando não ter problemas com direitos de autoria:

terça-feira, junho 07, 2005

Marxismo Cultural: A Escola de Frankfurt

por Olavo de Carvalho

(...) Felix Weil, outra cabeça notável, achava muito lógico usar o dinheiro que seu pai acumulara no comércio de cereais como um instrumento para destruir, junto com sua própria fortuna doméstica, a de todos os demais burgueses. Com esse dinheiro ele fundou o que veio a se chamar “Escola de Frankfurt”: um “think tank” marxista que, abandonando as ilusões de um levante universal dos proletários, passou a dedicar-se ao único empreendimento viável que restava: destruir a cultura ocidental. Na Itália, o fundador do Partido Comunista, Antônio Gramsci, fôra levado a conclusão semelhante ao ver o operiado trair o internacionalismo revolucionário, aderindo em massa à variante ultranacionalista de socialismo inventada pelo renegado Benito Mussolini. Na verdade os próprios soviéticos já não acreditavam mais em proletariado: Stálin recomendava que os partidos comunistas ocidentais recrutassem, antes de tudo, milionários, intelectuais e celebridades do “show business”. Desmentido pelos fatos, o marxismo iria à forra por meio da auto-inversão: em vez de transformar a condição social para mudar as mentalidades, iria mudar as mentalidades para transformar a condição social. Foi a primeira teoria do mundo que professou demonstrar sua veracidade pela prova do contrário do que dizia.

Os instrumentos para isso foram logo aparecendo. Gramsci descobriu a “revolução cultural”, que reformaria o “senso comum” da humanidade, levando-a a enxergar no martírio dos santos católicos uma sórdida manobra publicitária capitalista, e faria dos intelectuais, em vez dos proletários, a classe revolucionária eleita. Já os homens de Frankfurt, especialmente Horkheimer, Adorno e Marcuse, tiveram a idéia de misturar Freud e Marx, concluindo que a cultura ocidental era uma doença, que todo mundo educado nela sofria de “personalidade autoritária”, que a população ocidental deveria ser reduzida à condição de paciente de hospício e submetida a uma “psicoterapia coletiva”.

Estava portanto inaugurada, depois do marxismo clássico, do marxismo soviético e do marxismo revisionista de Eduard Bernstein (o primeiro tucano), a quarta modalidade de marxismo: o marxismo cultural. Como não falava em revolução proletária nem pregava abertamente nenhuma truculência, a nova escola foi bem aceita nos meios encarregados de defender a cultura ocidental que ela professava destruir.

Expulsos da Alemanha pela concorrência desleal do nazismo, os frankfurtianos encontraram nos EUA a atmosfera de liberdade ideal para a destruição da sociedade que os acolhera. Empenharam-se então em demonstrar que a democracia para a qual fugiram era igualzinha ao fascismo que os pusera em fuga. Denominaram sua filosofia de “teoria crítica” porque se abstinha de propor qualquer remédio para os males do mundo e buscava apenas destruir: destruir a cultura, destruir a confiança entre as pessoas e os grupos, destruir a fé religiosa, destruir a linguagem, destruir a capacidade lógica, espalhar por toda parte uma atmosfera de suspeita, confusão e ódio. Uma vez atingido esse objetivo, alegavam que a suspeita, a confusão e o ódio eram a prova da maldade do capitalismo.

Da França, a escola recebeu a ajuda inestimável do método “desconstrucionista”, um charlatanismo acadêmico que permite impugnar todos os produtos da inteligência humana como truques maldosos com que os machos brancos oprimem mulheres, negros, gays e tutti quanti, incluindo animais domésticos e plantas. A contribuição local americana foi a invenção da ditadura lingüística do “politicamente correto”.

Em poucas décadas, o marxismo cultural tornou-se a influência predominante nas universidades, na mídia, no show business e nos meios editoriais do Ocidente. Seus dogmas macabros, vindo sem o rótulo de “marxismo”, são imbecilmente aceitos como valores culturais supra-ideológicos pelas classes empresariais e eclesiásticas cuja destruição é o seu único e incontornável objetivo. Dificilmente se encontrará hoje um romance, um filme, uma peça de teatro, um livro didático onde as crenças do marxismo cultural, no mais das vezes não reconhecidas como tais, não estejam presentes com toda a virulência do seu conteúdo calunioso e perverso.

Tão vasta foi a propagação dessa influência, que por toda parte a idéia antiga de tolerância já se converteu na “tolerância libertadora” proposta por Marcuse: “Toda a tolerância para com a esquerda, nenhuma para com a direita”. Aí aqueles que vetam e boicotam a difusão de idéias que os desagradam não sentem estar praticando censura: acham-se primores de tolerância democrática.Por meio do marxismo cultural, toda a cultura transformou-se numa máquina de guerra contra si mesma, não sobrando espaço para mais nada.

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na íntegra em:
http://www.olavodecarvalho.org/semana/06082002globo.htm

sábado, junho 04, 2005

Momento Fotolog - Napoleão

Águas de Lindóia - SP: 2003; eu, quando fui convocado para o exército de Napoleão. Napoleão tinha um modo esquisito de dar meia-volta borboleteando as duas pontas da parte posterior de seu traje; a mão apertando o pulso, as mãos pra trás. Definitivamente, não foi com a minha cara, me achou um besta, me achou um alto -- tenho culpa? Pra falar comigo subiu em seu cavalo branco, o mesmo cavalo branco que até hoje o povo pergunta a cor.
Essa foto, como disse, foi tirada no momento em que soube que teria de integrar as fileiras, guerrear pelo exército francês. Felizmente não fui, e Napoleão perdeu a guerra -- o que virou um outro provérbio. Eu não fui, preferi ficar em Lindóia mas, Napoleão foi. Teimoso. Foi quando era estio, porém na volta já não era mais. Na volta, ficavam pelo caminho os soldados, troncos prostrados, e, fosse pouco, o frio e a densa neve não os permitia sequer dobrar os joelhos, tendo de permanecer como fazem os avestruzes.

quinta-feira, junho 02, 2005

Apologia de Sócrates - um trecho

Pedi que Thales digitasse para mim este trecho da Apologia de Sócrates; ele o fez menos por amizade que por peso de consciência: há três meses me tomou uma edição do diálogo emprestada, foi pro Ceará, voltou, qualquer dia ele estará formado, no Ceará de novo, e eu sem meu livro.

Falando do trecho: Querefonte havia ouvido do Oráculo que seria Sócrates o mais sábio dos homens. Dentre os ditos sábios de seu tempo Sócrates averiguou, junto aos políticos, poetas e artífices, a veracidade da afirmação do Oráculo. Estas são suas conclusões a respeito dos poetas:

Depois dos políticos, fui me encontrar com os poetas, tanto os autores de tragédias como os de ditirambos e outros, na esperança de aí me apanhar em flagrante inferioridade cultural. Levando em mãos as obras em que pareciam ter posto o máximo de sua capacidade, interrogava-os minuciosamente sobre o que diziam, para ir, ao mesmo tempo, aprendendo deles alguma coisa.
Pois bem, senhores, envergonho-me de vos dizer a verdade, mas é preciso. Na realidade, quase todos os presentes poderiam falar melhor que eles próprios a respeito das obras que eles compuseram. Assim, logo compreendi que tampouco os poetas compunham suas obras por sabedoria, mas por dom natural, em estado de inspiração, como os adivinhos e profetas.
Estes também dizem muitas belezas, sem nada saber do que dizem; a mesma coisa, apurei, sucede com os poetas; ao mesmo tempo, percebi que, por causa da poesia, eles supõem ser os mais sábios dos homens em outras áreas, em que não são. Saí, pois, acreditando superá-los na mesma particularidade que aos políticos.
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Platão; Apologia de Sócrates. Col. Os Pensadores. p.46.