segunda-feira, maio 23, 2005

A Saga do Sururu

Ranieri me pediu que fosse à casa dele instalar o Messenger porque havia ocorrido um problema seríssimo e o programa não funcionava de jeito nenhum. Lá, meu esforço resumiu-se a recolocar o ícone que ele havia deletado da área de trabalho.
Talvez para amenizar a viagem perdida, Ranieri me emprestou, na condição de que Gabriel não colorisse as gravuras, um Álbum que comprou há um tempo atrás quando esteve com sua digníssima esposa em Macéio.
Sei que há em
outros lugares a saga de outros peixes mas nem por isso eu poderia deixar de apresentar aqui a Saga do Sururu [Mytillus Falcata], em 8 quadros, do xilogravurista e cordelista alagoano Éneas Tavares dos Santos, extraídas do Álbum de Xilogravuras nº 52, da Universidade Federal de Alagoas.





Deus criou tudo na terra
Desde o grilo ao urubu
Fez para os alagoanos
A lagoa mundaú
Pois eles necessitavam
Onde muitos se arrumavam
Só tirando sururu.




Sendo o sururu tirado
Posto dentro das canoas
Traziam-no para a terra
Cantando e dizendo loas
Era vendido no posto
Trazendo muito conforto
Para o povo de Alagoas.



Por ser tradicional
O sururu criou fama
O pessoal tudo alegre
Um os seus vizinhos chama
Muitos ali se juntavam
No alpendre se sentavam
Para tira-lo da lama.




Sendo tirado da lama
Num caldeirão colocado
Davam nele uma fervura
Depois era despejado,
Da casca o despinicavam
Aí todos o chamavam
Sururu despinicado.




O sururu como arrimo
Encontrava-se em magote
Gente empurrando um carrinho,
Num cavalo ou no cangote
Pela rua caminhando
De vez em quando gritando:
É sururu de capote!




Muitas mulheres deixavam
Suas crianças queridas
Dormindo, de manhã cedo
Já iam bem destimidas
(Ser ter conta no Bradesco)
Vendiam sururu fresco
Para remir suas vidas.



Outro não querendo andar
Pelas ruas da cidade
Achando ser cançativa
Essa tal atividade
De manhã ia apressado
Vender o seu no mercado
Por ter mais facilidade.



Sururu foi gostosura
Para muitos comensais
Mas foi quando nós o tinha-mos
Agora não o temos mais
Poluiram a lagoa
Perdeu-se uma coisa boa
Da terra dos marechais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Poxa.... Tá ótimo seu blog viu??? PARABÉNS!!!! Bjus pra vc!!!