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"...começo a agir como se eu trabalhasse em um filme a que eu mesmo estivesse assistindo. Represento meu papel de maneira normal e faço o papel de um homem normal; mas há um outro eu invisível que é aqualouco, patinador sobre arco-íris, menino tonto, Hamlet, palerma, patético. Enquanto eu digo uma coisa sensata esse meu fantasma se entrega a um silencioso desvario, ou recita versos antigos..." (Rubem Braga)
____Interrupção
Um homem muito velho, quase cego, sem memória, que tremia e mal conseguia andar, tropeçou e caiu com o coração em cheio sobre a lâmina de uma faca.
___Antes de morrer ainda conseguiu dizer: “logo agora que”.___O amigo
___Diamantes
Era um rapaz passivo. Aceitava tudo o que vinha dos chefes. Porém, como era bajulador, incomodava. Cortaram-lhe a língua: deixou de elogiar. Depois cortaram-lhe os dedos. Deixou de escrever textos laudatórios. Foi num desses dias que, com a cabeça a bater numa mesa — em código morse — ele disse, para os seus chefes:
___— Mais uma como esta e perdem um amigo.
Em vez de uvas os cachos do reino deixavam cair sobre a terra diamantes.
___— Diamantes, diamantes, diamantes! Há anos que é só isto — queixava-se o produtor.
"Esse Emir Sader é uma nota de 32 reais, vocês não perceberam ainda? ...o sujeito é um catedrático, chefe de departamento, que escreve Getúlio com 'lh': 'Getulho' que nem 'entulho'; é claro que esse homem tem merda na cabeça! Isto é de uma incompetência absolutamente fulgurante, é uma vergonha esse homem ser um catedrático de qualquer coisa, ele não pode ensinar numa escola primária. Eu já demonstrei mil vezes que esse homem é um semi-analfabeto..."