sexta-feira, julho 29, 2005

Alguns Toureiros

por João Cabral de Melo Neto
a Antônio Houaiss
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Eu vi Manolo Gonzáles
e Pepe Luís, de Sevilha:
precisão doce de flor,
graciosa, porém precisa.

Vi também Julio Aparício,
de Madrid, como Parrita:
ciência fácil de flor,
espontânea, porém estrita.

Vi Miguel Báez, Litri,
dos confins da Andaluzia,
que cultiva uma outra flor:
angustiosa de explosiva.

E também Antonio Ordóñez,
que cultiva flor antiga:
perfume de renda velha,
de flor em livro dormida.

Mas eu vi Manuel Rodríguez,
Manolete, o mais deserto,
o toureiro mais agudo,
mais mineral e desperto,

o de nervos de madeira,
de punhos secos de fibra
o da figura de lenha
lenha seca de caatinga,

o que melhor calculava
o fluido aceiro da vida,
o que com mais precisão
roçava a morte em sua fímbria,

o que à tragédia deu número,
à vertigem, geometria
decimais à emoção
e ao susto, peso e medida,

sim, eu vi Manuel Rodríguez,
Manolete, o mais asceta,
não só cultivar sua flor
mas demonstrar aos poetas:

como domar a explosão
com mão serena e contida,
sem deixar que se derrame
a flor que traz escondida,

e como, então, trabalhá-la
com mão certa, pouca e extrema:
sem perfumar sua flor,
sem poetizar seu poema.
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foto:Reuters

quarta-feira, julho 27, 2005

Por que os homens são tão bestas

por Jacob Bazarian
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Segundo a Curva de Gauss ou a Curva do sino, a distribuição normal de quocientes de inteligência (QI) em qualquer agrupamento humano volumoso (alunos de uma escola, funcionários de uma empresa, população de uma cidade et cetera) apresenta aproximadamente a seguinte proporção:

· 1% de idiotas, imbecis e cretinos, com um QI abaixo de 70;
· 5% de débeis mentais com QI de 70 a 79;
· 15% de retardados mentais com QI de 80 a 89;
· 58% de indivíduos normais com QI entre 90 a 109;
· 15% de indivíduos inteligentes com QI de 110 a 119;
· 5% de indivíduos muito inteligentes com QI de 120 a 129; e
· 1% de indivíduos de inteligência superior com QI de 130 a 140.

Quando o indivíduo tem um QI abaixo de 70 é considerado oligofrênico (falta de inteligência).
Quando o indivíduo apresenta um QI acima de 140 é considerado um gênio, o que raramente ocorre.

Segundo a Curva de Gauss, 21% da população teria QI abaixo do normal. Mas essa distribuição de QI é apenas uma hipótese teórica. Na prática, deparamo-nos com outra distribuição mais realista. A população de uma empresa ou país pode ser assim concebida:

· 90% têm um quociente de inteligência abaixo do normal. São os retardados, os débeis mentais e os oligofrênicos: cretinos, imbecis ou idiotas.
· 9% são normais, e 1% é acima do normal.
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Em outras palavras, a maioria absoluta é besta.
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Os donos de companhias cinematográficas, fonográficas, os produtores de televisão, os editores et cetera sabem muito bem disso. Visando o máximo de lucro possível, eles procuram abranger o maior número possível de consumidores, construindo seus programas num nível inferior, isto é, destinados preferencialmente aos retardados, débeis mentais e oligofrênicos.

Ocasionalmente, quando há um filme, um programa, uma revista, um disco ou livro destinados aos 10% normais, há, certamente, prejuízo que somente é compensado pelo lucro fabuloso que trazem os filmes, novelas, revistas, jornais, livros, discos et cetera destinados aos subnormais.
Quando você lidar com o público, lembre-se disso e não terá ilusões nem prejuízos. O único perigo é, com o tempo, tornar-se um deles de tanto lidar com eles.

Há mais subnormais do que você possa imaginar. Preste atenção ao seu redor. Quais são as preferências culturais das pessoas? Como é seu vocabulário? Quê lêem? Quê falam? Isso, sem dúvida é um grande mal que é preciso sanar com urgência.

Se você se considera um indivíduo com QI acima do normal, ou quase um gênio, ou um gênio, não fique embevecido com sua capacidade. Lembre-se da fábula de La Fontaine na qual a lerda e modesta tartaruga ultrapassou a rápida e pretensiosa lebre.

O trabalho esculpiu o homem e continua a processá-lo. A melhor prova disso: basta deixar de trabalhar e de pensar que o homem acaba se tornando animal irracional. Pense e trabalhe.
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Poeminha Sentimental

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta.
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!?)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam

(Mário Quintana)

segunda-feira, julho 25, 2005

A necessidade de pensar sobre o fim

Não é preciso ter uma alma muito instruída para compreender que não existem, neste mundo, alegrias sólidas e verdadeiras, que nossos prazeres todos não passam de vaidades, que nossos males são infinitos, e que a morte, que nos ameaça a cada momento, vai nos levar em poucos anos, e de modo infalível, à horrível necessidade de sermos eternamente aniquilados ou eternamente infelizes.

Não há nada mais real ou terrível do que isso. Aparentemente a coragem que bem entendermos, é esse o fim que aguarda a mais bela vida do mundo. Que se reflita sobre isso, e que se diga, depois, se não é fora de dúvida que não existe outro bem nesta vida a não ser o da esperança em outra vida; que não somos felizes senão na medida em que nos vamos aproximando dessa outra vida, e que, assim como nos vamos aproximando dessa outra vida, e que, assim como não haverá mais desgraça para os que tinham inteira garantia da eternidade, não haverá também felicidade para os que necessitam de toda luz.

Assim, se duvidar é um grande mal, é no mínimo um dever indispensável buscar a verdade quando se está nessa dúvida; e, desse modo, quem duvida e não procura é a um só tempo bastante infeliz e injusto; e se, além disso, vive tranqüilo e feliz, se disso se gaba, e disso tira vaidade, e se nesse estado encontra motivo para alegria, não tenho palavras para qualificar extravagante criatura.

Onde buscar esses sentimentos? Que motivo de contentamento encontrar na espera de misérias sem remédio? Que motivo de vaidade há em ver na obscuridade impenetrável, e como pode acontecer que esse raciocínio passe pela cabeça de um homem razoável?

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PASCAL, B. Pensamentos. Art. III. pp. 82. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

segunda-feira, julho 11, 2005

Isso é pergunta que se faça?

...tentava criar uma comunidade no Orkut quando fui metralhado por esta indagação que me deixou em profunda crise existencial:

Lula é um erro de concordância

Depois de ver a comunidade do Orkut eu fui conferir no próprio programa... só pra chegar ao que eu já sabia ser verdade; até o Word sabe que Lula é um erro concordância:

sábado, julho 02, 2005

Prolongando as Férias

As aulas começaram? foi mesmo?!? Que pena: estou de férias aqui; participando disto. Portanto, se você for meu colega de turma, amigo, amigo mesmo, anote tudo o que os professores pedirem pra xerox ou entrega e me informe... eu volto.
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Grato desde já,
Márcio S. Sobrinho.

sexta-feira, julho 01, 2005

Atenção: O Foro de São Paulo não existe!

Luiz Felipe de Alencastro, o sábio da Veja, quando consultado sobre o Foro de São Paulo, disse o seguinte:

"Nunca ouvimos nada a respeito no Brasil. Não sabemos nada disso, e é maluco como essa coisa cresceu – foi um jornalista conhecido como sujeito muito conservador e de extrema direita, que escreve num jornal no Rio, quem começou com toda essa coisa. Nunca ouvimos nada a respeito."

Só não sei se vai dar pra negar a existência do Foro quando os (belo eufemismo para as FARC e cia ltda:) "partidos progressistas" se reunem no Brasil,a apartir de hoje:




Mesmo sendo tudo isso pura invencionice de um reacionário doido, gostaria de indicar dois textos sobre o assunto:

E por que não o impeachment agora? - Caio Rossi
Um pouco de história sobre o Foro de São Paulo - C. Azambuja